quarta-feira, 20 de junho de 2012

História




O BURRO DE CARGA
(Do livro Alvorada Cristã, Francisco C. Xavier, pelo espírito Neio Lúcio)

No tempo que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real um burro 
de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias dos companheiros de cocheira. 
Reparando-lhe o pelo mal tratado, as fundas cicatrizes do lombo e a cabeça 
tristonha e humilde, aproximou-se famoso cavalo árabe, que se fizera detentor de vários 
prêmios, disse, orgulhoso: 
- Triste sina a que recebeste! Não invejas minha posição nas corridas? Sou 
acariciado por mãos de princesas e elogiado pelas palavras dos reis! 
- Pudera! - exclamou um potro de fina origem inglesa - como conseguirá um burro 
entender o brilho das apostas e o gosto da caça? 
O infortunado animal recebia os sarcasmos resignadamente. 
Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou: 
- Há dez anos vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. 
É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com coice. Não nasceu senão para 
cargas e pancadas. 
Nisto, admirável jumento espanhol acentuou sem piedade:  
- Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco, 
inútil... Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas se me constrangem, 
recuso-me 'a obediência, pinoteio e sou capaz de matar. 
As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, 
em companhia do chefe das cavalariças. 
- Preciso de animal para serviço de grande responsabilidade - informou o monarca - 
animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança. 
- Que tal o árabe, majestade? - o empregado perguntou. 
- Não, não - falou o soberano - é muito altivo e só serve para corridas em festejos 
oficiais sem maior importância. 
- Não quer o potro inglês? 
- De modo algum. É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça. 
- Não deseja o húngaro? 
- Não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas pastor de rebanho. 
- O jumento serviria? 
- De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança. 
Decorridos alguns instantes de silêncio, o monarca perguntou:
- Onde está o meu burro de carga? 
O chefe das cocheiras indicou-o entre os demais. O  próprio rei puxou-o 
carinhosamente, mandou equipá-lo e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem

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